quinta-feira, 23 de junho de 2011

ÉEE

Ela se sentia uma palhaça no picadeiro de um circo em chamas onde seu único objetivo era fazer o velho e doente leão sorrir. Ela não sabia mais por quanto tempo aguentaria até que as chamas consumissem todo o oxigênio, e isso sinceramente, não a incomodava.

sábado, 11 de junho de 2011

Ela...


E foi bem cedo que ela começou a descobrir mundos paralelos, e passou a olhar muito desconfiada para as pessoas, temendo muito que, com o passar dos anos, nossos tesouros fossem roubados pelo tempo. Ela simplesmente não conseguia ver nos olhos dessas pessoas o brilho que tinha os olhos de quem se refugiava em algum mundo, que naquela época ela ainda julgava ser algo imprescindível criado pela imaginação. Quanta audácia! O tempo passou um pouco e ela sempre paranoica teve a triste certeza de que nada, absolutamente nada era criado, pelo menos no sentido que ela havia imposto para a palavra, para ela tudo havia sido inspirado, em coisas que já vimos, ouvimos ou sentimos, e isso era arrasador!
Bom, consolos não faltavam, isso nunca a faltou. Gente que não entendia nada que ela falava ou sentia, mas fingia entender tudo, para no fim ganhar suas recompensas, e ela que sempre foi vista como bobinha, sabia de tudo isso, fingia não saber, e ponderava, quando achava que valia a pena bem que aceitava, só que em uma de suas idas a um de seus mundos, ela inconsolavelmente concluiu que aquilo deveria ser um tipo de prostituição e abdicou desses consolos por um tempo, como já era de se esperar ela não resistiu, pois cada dia era uma decepção nova, e se ela não se recuperasse não iria se decepcionar mais, e ai nada mais teria graça.
Ela não sabia, mas ela estava certa e quando ela mais precisava fugir, ela fugiu, e encontrou seu mundo exatamente como havia deixado, porém não podia imaginar que seu mundo seria invadido por corpos, todos com defeitos de fabricação,sem cérebro e sem coração, ela tentou fugir para todos os outros mundos que havia conhecido, em todos teve a mesma sensação. Teve de voltar ao mundo real, com a certeza de que não há nada imprescindível nessa vida. E não, não conseguiu se consolar com falsos consolos, oriundos de corações vazios e mentes interesseiras. Ela desabou, juntamente a seus mundos, implorava por um homem que não fosse de lata, mas não encontrou nenhum, não naquela escuridão. Ela ainda procura uma lanterna, apesar de saber que não precisaria vê-o, bastaria senti-lo...
"E o homem de lata não sabia
que ter coração
doía"